Temas em OI: Gravidez
Estas informações têm como fonte (com
modificações) Johnson, A. (1994). Pregnancy and osteogenesis imperfecta. In
Heidi Glauser, (Ed.), Living with Osteogenesis Imperfecta: A guidebook for
families (pp. 23-32). Tampa,
FL: Osteogenesis Imperfecta foundation, Inc.
A
mulher com Osteogenesis Imperfecta (OI) que fica grávida pode experimentar uma
gravidez sem problemas ou cheia de dificuldades. Similarmente, o
desenvolvimento de um feto que apresente OI pode levar a um nascimento com
muito poucas complicações ou a que o bebê não sobreviva mais que poucas horas.
Estima-se que a gravidez de uma mulher com OI represente apenas 1 em cada
25.000 gravidezes que ocorrem. Devido à raridade da OI e ao fato de uma mulher com
OI e grávida ser ainda mais raro, muitos obstetras e outros profissionais
médicos raramente terão tido experiência na administração de tais casos.
Há
poucos dados disponíveis no presente sobre a probabilidade de uma mulher com o
OI desenvolver determinadas complicações durante a gravidez. A falta de
consistência nas comunicações de vários médicos e laboratórios sobre seus
achados, combinada com a ampla variação na severidade da OI entre as pessoas
portadoras, torna difícil chegar a conclusões claras sobre uma possível relação
entre a OI e várias das complicações que têm sido relatadas. De qualquer modo,
esse paper tentará aportar alguns dos
problemas específicos que têm sido sugeridos estarem associados com a OI
durante a gravidez.
Preocupações Obstétricas e Ginecológicas de Mulheres com OI.
Mulheres
com OI podem esperar menstruar na mesma idade que as mulheres que não têm OI.
Os períodos menstruais ocorrem na época costumeira e os ciclos são, geralmente,
regulares. Pode haver sangramento intenso em mulheres com história de contusões
fáceis ou de tendência a sangramentos.
Embora
a reprodução possa ser perturbada devido à elevada suscetibilidade a fraturas
ou ao movimento limitado do quadril, não há evidências para sugerir que
fertilidade ou taxas de aborto sejam influenciadas pela OI.
A
gravidez não parece ter um efeito adverso significativo nas formas leves da
disfunção. Mulheres com OI Tipos I e IV, contudo, podem experimentar perda das
juntas, mobilidade reduzida, aumento da dor nos ossos e problemas dentais
durante a gravidez. No geral, as preocupações médicas anteriores à gravidez,
nestas mulheres, serão limitadas.
Mulheres
com as formas mais severas e debilitantes de OI, que têm baixa estatura e
curvatura da espinha podem ter um risco elevado de complicações médicas e
obstétricas. Se o nível da curvatura da espinha é grande, as possibilidades de
problemas de coração e pulmão aumentam. É possível que estas mulheres precisem
cedo de hospitalização devido a problemas de falta de ar.
Parto
prematuro ou mesmo interrupção de uma gravidez podem ser necessários se sinais
de problemas cardíacos e respiratórios surgirem. Como o útero aumenta, a
encurtada distância entre a caixa torácica e o osso púbico pode causar
desconforto e resultar na necessidade de permanecer deitada.
Várias
complicações obstétricas têm sido relatadas em mulheres com OI, incluindo
pré-eclampsia (que se caracteriza por pressão sanguínea alta, proteína na urina
e corpo inchado), parto prematuro, placenta prévia (quando a placenta se
implanta no útero e cobre a abertura do cervix), ruptura prematura de
membranas, recorrentes infecções do trato urinário, anemia (baixa contagem de
células vermelhas no sangue) e deficiência de cálcio. De todo modo, com base na
informação disponível, não parece haver forte associação entre a OI e estes
eventos. Outro modo de pensar nisso é: só porque pessoas com OI,
rotineiramente, ficam resfriadas, não podemos concluir que exista alguma
associação entre OI e resfriado comum.
A
gravidez não tem sido associada com o aumento do risco de fraturas maternas. De
qualquer forma, traumas durante a gravidez ou manipulação na hora do parto
vaginal podem resultar em fraturas. Tem sido sugerido que, devido ao risco
existente de uma mulher com OI fraturar durante o parto, e porque existe
potencial para outras complicações, a secção cesariana eletiva possa ser o
método de parto escolhido para a maioria destas mulheres.
Algumas
das complicações durante o parto relatadas incluem (1) um canal muito pequeno
para permitir o nascimento, (2) ruptura uterina e (3) hemorragia. Alguns
médicos podem considerar prudente um corte cesariano se existir uma história
prévia de fraturas púbicas ou contratura pélvica, ou se a mulher tem uma severa
forma de OI. De todo modo, em mulheres com OI que têm dimensões pélvicas
normais, não parece haver uma forte razão para evitar o trabalho de parto ou o
parto vaginal.
As
desordens de sangramento em OI não são geralmente um problema. Nos casos
relatados de sangramento excessivo depois do parto, todos haviam sido
conseqüência de algum trauma durante o trabalho de parto. Uma vez que os
parâmetros de coagulação do sangue e plaquetas eram normais nestes casos,
suspeitou-se que a hemorragia era devida à inabilidade do tecido em cicatrizar
corretamente por causa do defeito do colágeno. O risco maior de sangramento nas
mulheres com OI estaria entre aquelas com história de sangramento nasal
recorrente, contusões fáceis ou sangramento excessivo depois dos procedimentos
ortopédicos precedentes.
Na
ausência da indicação clara de quem pode estar em maior risco de hipertermia
(aumento na temperatura do corpo durante a anestesia), alguns médicos
consideram a anestesia espinal ou peridural como a abordagem mais segura. Estes
procedimentos de anestesia, que envolvem a injeção da medicação perto da
espinha, podem ser difíceis em algumas mulheres com deformidades advindas de
compressão e fraturas vertebrais.
Quando
um dos pais é afetado pela OI, o feto corre o risco de ser também portador de
OI. Nesta circunstância, há, de fato, uma possibilidade de 50% em cada gravidez
de que o feto tenha OI. Excluindo OI, o risco de outras desordens congênitas
nas gravidezes em que um pai tem OI não é maior do que o da população geral.
Considerações
Obstétricas para mulheres não afetadas quando é detectada OI no Feto.
Algumas
vezes, durante o ultrassom de rotina, suspeita-se de OI no feto de uma mãe não
afetada. O ultrassom pode ter sido indicado por causa de uma gravidez prévia
afetada; todavia, a maioria dos casos está em mulheres sem história prévia de
OI. Em qualquer destas situações, a descoberta apresenta certas questões
médicas e éticas a serem pensadas no que diz respeito ao cuidado prenatal daí
por diante, incluindo a exatidão do diagnóstico, severidade da doença,
prognóstico de sobrevida e desenvolvimento e tipo de parto.
A
idade do feto quando o ultrassom é realizado é importante para conseguir um
diagnóstico acurado e para prover os pais com as informações necessárias para
considerarem todas as opções para o restante da gravidez. Em gravidezes em que
se suspeita do tipo II de OI, as análises feitas em gestações com menos de 24
semanas irão mostrar, muito provavelmente, o severo encurtamento dos ossos
longos e inumeráveis fraturas nos membros e na caixa torácica. Fetos com OI
tipo III são freqüentemente detectados logo no segundo trimestre, devido à
presença de múltiplas fraturas e encurtamento dos membros. Quando confrontados
com essas descobertas, os casais são geralmente alertados de que a OI tipo II
pode ser letal, de que o tipo III é freqüentemente associado com significativa
deficiência física e, às vezes, com a mortalidade em idade tenra. Também deve
ser observado que têm sido relatados casos em que os prognósticos de que não sobreviveriam além da infância
foram desmentidos por crianças com severas formas de OI, que sobreviveram e
vivem vidas plenas e produtivas. Enquanto o encurvamento de ossos longos pode
estar presentes no segundo trimestre, fraturas, nos tipos I e IV de OI podem
não ser vistas até o terceiro trimestre, se o forem.
Parto
normal ou Cesariana
Com
respeito ao tipo de parto, tem sido sugerido que a secção cesariana seria menos
traumática que o parto vaginal quando são identificadas fraturas de ossos
longos num feto com tipos I, III, ou IV de OI. De todo modo, não há dados para
confirmar que essa concepção esteja correta. Teoricamente, existe um aumento do
risco de injúria do sistema nervoso central com o parto vaginal quando o
esqueleto do bebê é pobremente mineralizado. Portanto, muitos médicos sentem
que seria apropriado, ao planejar um tipo de parto, avaliar o grau de
mineralização do esqueleto do bebê. Devido ao desencorajador prognóstico na OI
tipo II, a taxa de risco/benefício de uma cesariana eletiva é discutida com a
paciente.
Aconselhamento
Genético
Idealmente,
casais em risco devido a herança genética ou feto prévio com OI deveriam buscar
aconselhamento antes da concepção. Os casais deveriam ser alertados sobre as
várias complicações que podem estar associadas com OI e gravidez. A discussão
deveria incluir a disponibilidade de várias técnicas de diagnóstico prenatal,
acompanhado de amostras do villus
coriônico, amniocentese ou ultrassom no segundo trimestre antenatal para a
detecção de OI. Ultrassons semanais depois de 36 semanas de gestação podem ser
úteis para detectar mudanças esqueletais que possam impedir o parto vaginal.
Cateteres de medição da pressão intrauterina e monitoração do escalpo fetal
podem ser considerados com partos vaginais devido à possibilidade de ruptura
uterina durante o trabalho.
Embora
exista, obviamente, um risco fetal e maternal aumentado para mulheres com OI, a
maioria delas que concebe com sucesso parece atravessar a gravidez bastante
bem.
Estas informações
são oferecidas pelo NIH Osteoporosis and Related Bone Diseases~National Resource
Center (ORBD~NRC), a Osteogenesis Imperfecta Foundation National Institutes of
Health Osteoporosis and Related Bone Diseases National Resource Center
(www.osteo.org). O Centro de Pesquisa Nacional é sustentado pelo National
Institute of Arthritis and Musculoskeletal and Skin Diseases com contribuições
do National Institute of Child Health and Human Development, do National
Institute of Dental and Craniofacial Research, do National Institute of
Environmental Health Sciences, do NIH Office of Research on Women's Health, do
Office of Women's Health, do PHS, e do National Institute on Aging. O Resource Center é administrado pela
National Osteoporosis Foundation, em colaboração com a Paget Foundation e a
Osteogenesis Imperfecta Foundation.
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