Osteogênese Imperfeita - Doença de Ekman-Lobstein
Embora a primeira descrição da
osteogêneses imperfeita conhecida na literatura médica seja a de P. Amand, em
1715, existem confirmações de sua manifestação muito antes disso. No Museu
Britânico, em Londres, há uma múmia egípcia, datada do ano 1.000 AC, que mostra
alterações no esqueleto, nos dentes e nos ossos longos típicas dos portadores
da doença. O líder da invasão escandinava na Inglaterra, no último quarto do
século IX, conhecido como “Ivar, o Sem Ossos”, era afetado pela doença. Além
disso, um fêmur esquerdo, datado do Século VII, com características de OI, foi
encontrado na Inglaterra.
Foi Willem Vrolik,
um anatomista alemão, que em 1849 identificou pela primeira vez a doença nos
recém-nascidos, chamando-a de osteogêneses imperfeita. Antes disso, em 1831, o
também alemão Edmund Axmann descreveu a doença nele mesmo e nos seus irmãos,
fazendo a primeira menção à esclerótica azulada.
Em 1859, o inglês Edward
Latham Ormedod, relatou o caso de uma mulher de 68 anos, com 1 metro de altura,
que passou a doença para uma filha e um filho. O esqueleto dessa mulher está
no Real Colégio de Cirurgiões de Londres.
Mais
recentemente, em 1979, o médico australiano David Silence, um dos maiores
estudiosos da patologia, apresentou a classificação dos quatro tipos de
portadores de OI, que até hoje continua sendo uma referência na literatura
médica. A equipe do dr. Francis Glorieux, do Shriners de Montreal, trabalha,
agora, na identificação do tipo V, alterando pela primeira vez a
classificação de Silence.
Apesar de
tudo isso, a osteogêneses imperfeita, além de rara, ainda é uma doença muito
pouco conhecida, inclusive nos meios médicos, o que dificulta o seu
diagnóstico, coloca em dúvidas as estatísticas oficiais sobre a sua
incidência e, o que é pior, submete familiares de portadores a
constrangimentos e discriminações preocupantes.
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São comuns os
relatos de pais de crianças com OI que acabam acusados de maus tratos nos seus
filhos pelos médicos que atendem as crianças com sucessivas fraturas. Liduína
Ferreira da Ponte Menezes, moradora de Planaltina, no Distrito Federal, viveu
uma experiência desse tipo. Um médico do Hospital Santa Helena, de Brasília,
ameaçou denunciá-la à polícia, depois de recebê-la pela segunda vez na mesma
semana para tratar de fraturas no seu filho, William, de 2 anos. Sua indignação
com a atitude do médico, salvou-a da denúncia. Hoje, Liduína trata seu filho no
Sarah, em Brasília, onde existem vários pacientes de OI.
A assistente social
do Shriners Hospital for Childrens, de Montreal, Rose-Marie Chiasson, relatou
dois casos desse tipo, durante a 7ª Conferência Internacional de Osteogêneses
Imperfeita, realizada no final de agosto, no Canadá. No mais grave deles,
ocorrido na Califórnia, nos Estados Unidos, o bebê chegou a ser tirado da mãe,
pela Justiça, e entregue para uma casa de adoção, até que uma junta médica
comprovasse que a criança era portadora da doença.
“Para evitar esses
constrangimentos, nós orientamos os familiares de crianças portadoras de OI
para que andem sempre com um cartão de identificação e com uma carta dos seus
médicos, explicando o que é e como se manifesta a doença, principalmente quando
estiverem fora da cidade onde vivem”, explica Chiasson.
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