Neste artigo o Dr Celso Rizzi discorre sobre o uso das hastes telescopadas no tratamento da osteogênese imperfeita (osteogenesis imperfecta) também conhecida como doença dos ossos de vidro.
A osteogênese imperfeita é também conhecida como osteogenesis imperfecta (doença de Lobstein ou doença de Ekman-Lostein) ou doença dos ossos de vidro. É causada por genes defeituosos que prejudicam o fortalecimento ósseo, deixando-os frágeis e propensos à fraturas. Esta condição pode ser branda mas nos casos mais graves os portadores podem apresentar centenas de fraturas no decorrer da vida, mesmo sem um motivo identificado. Mesmo o feto pode sofrer fraturas intra-útero, nascendo já com deformidades importantes. O seu tratamento pode envolver cirurgias ortopédicas.
1- Como funcionam as hastes telescópicas no tratamento da osteogênese imperfeita – osteogenesis imperfecta?
Par de hastes que são fixadas em cada extremidade do osso longo e que funcionam como uma antena de automóvel, alongando-se à medida que a criança cresce. A parte proximal é fixada através de uma rosca de maior diâmetro, é a chamada haste fêmea, porque ela recobre a haste denominada macho, que tem sua fixação distal no osso, seja através de ponta rosqueada ou um bloqueio por um fio de kirshner.
Existem hastes feitas apropiadamente para cada osso longo: o fêmur, a tibia e o umero. Além disso são confeccionadas em diâmetros variados, e o exame radiológico prévio é de fundamental importância. As hastes fêmeas são de comprimento único e devem ser cortadas previamente a cirurgia ou ter em mãos um motor apropiado para o seu corte.
3- Elas acompanham todo o crescimento do osso?
Depende da idade em que são implantadas. Quando a criança portadora de osteogênese imperfeita ( osteogenesis imperfecta ) ainda apresenta um grande potencial de crescimento, existe a possibilidade da necessidade de sua troca. Além disso o fator grau de comprometimento do paciente também influencia na decisão, graus de maior acometimento ósseo apresentam uma menor taxa de crescimento final.
Seis meses após a fixação deve-se observar a consolidação óssea e o crescimento da haste.
4- Quando devo operar?
Quanto mais precoce é a cirurgia, menores são as deformidades e menores os traumas das múltiplas fraturas, tanto para a criança quanto para os pais. O uso da medicação tornou muito menos freqüente as fraturas na vida dessas crianças. As deformidades pré existentes ou mesmo após uma fratura inicial devem ser avaliadas pelo médico responsável. A importância está no fato de que estas deformidades poderem favorecer, do ponto de visto mecânico, uma fratura.
Paciente de 3 anos com 03 cirurgias ósseas realizadas.
5- São cirurgias que envolvem riscos?
São cirurgias de grande porte, que normalmente envolvem a necessiade de reposição sanguínea durante o ato cirúrgico ou mesmo após. São realizados múltiplos cortes no osso operado e um grande acesso cirúrgico é necessário. Apenas defomidades menores podem ser realizadas por pequenas incisões e cortes ósseos percutâneos.
6- Existem complicações?
Como em todo procedimento cirúrgico, mesmo executado por médicos bem treinados, existe a possibilidade de uma complicação. Esta vai desde uma infecção, seja ela superficial ou profunda, até intercorrências na fixação da haste. As hastes telescopadas mais modernas apresentam riscos menores de complicações. As principais são as solturas dos pontos de apoio proximal e distal não são infrequentes de acontecerem.
Soltura da rosca proximal
Autor: Celso B. Rizzi Jr.
Experiência profissional na especialidade desde 1994. Fellowship Hands on no Shrinners Children Hospital em Los Angeles por 1 ano. Especialista por 5 anos na Rede Sarah. Especialista por 15 anos no INTO. Atualmente, coordena o Setor de Ortopedia Pediatrica, sob a chancela do STO do Hospital dos Servidores.
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