Por que a osteogênese imperfeita pode causar perda de audição?
A OI é uma doença genética que afeta a produção do colágeno tipo I, um componente essencial para a formação dos ossos e tecidos conjuntivos, incluindo estruturas do ouvido. Isso pode levar a:
• Ossos frágeis nos ouvidos: os três ossículos do ouvido médio (martelo, bigorna e estribo) podem sofrer fraturas ou má-formações.
• Alterações nos ossos temporais: que envolvem a cóclea e estruturas auditivas internas.
• Degeneração progressiva das estruturas auditivas: em especial, nos casos em que há desgaste com o tempo.
Que tipo de perda auditiva pode ocorrer?
As pessoas com OI podem ter três tipos principais de perda auditiva:
1. Condutiva:
o Acontece quando há problema na transmissão do som do ouvido externo para o interno.
o Muito comum em jovens com OI, geralmente por anormalidades nos ossículos.
o Pode começar na adolescência ou juventude.
2. Sensorioneural:
o Atinge a cóclea ou o nervo auditivo.
o Mais comum com o envelhecimento ou como progressão da perda condutiva.
3. Mista:
o Combinação dos dois tipos anteriores.
o É comum nas formas mais graves ou nas fases mais avançadas da OI.
Frequência e idade de aparecimento
• Cerca de 50% das pessoas com OI desenvolvem algum grau de perda auditiva ao longo da vida.
• Pode começar já na infância ou adolescência, mas tende a piorar com a idade.
• É mais comum nos tipos I e IV da OI.
Diagnóstico e acompanhamento
• A perda auditiva deve ser monitorada com audiometria periódica, especialmente após os 10 anos de idade.
• Exames de imagem como tomografia podem ser úteis para avaliar a estrutura dos ossos do ouvido.
Tratamento e reabilitação
• Aparelhos auditivos: podem ajudar bastante nos casos condutivos e mistos.
• Cirurgias: como a estapedectomia (troca do estribo por uma prótese) podem ser indicadas em alguns casos.
• Implantes cocleares: são considerados nos casos graves de perda sensorioneural.
• Fonoaudiologia: essencial para reabilitação auditiva e comunicação.
Importância do acompanhamento multidisciplinar
Como a OI é uma condição sistêmica, o cuidado com a audição deve fazer parte do acompanhamento global do paciente, envolvendo:
• Ortopedistas
• Otorrinolaringologistas
• Geneticistas
• Fonoaudiólogos
• Equipes de reabilitação
ORIENTAÇÕES PARA ESCOLAS
1. Adaptações de comunicação
• Posicionar a criança perto do professor, de preferência onde consiga ver a boca do docente (caso use leitura labial).
• Falar de frente e de forma clara, com tom de voz natural (sem gritar).
• Evitar falar de costas ou enquanto escreve no quadro.
• Sempre confirmar se a criança entendeu as instruções.
• Utilizar recursos visuais sempre que possível (quadros, cartazes, legendas, imagens).
2. Tecnologia assistiva
• Verificar se a criança usa aparelho auditivo ou outro recurso (como FM, implante coclear) e garantir seu uso regular.
• Oferecer espaço seguro para guardar e manusear os equipamentos, se necessário.
3. Interação com colegas
• Incentivar os colegas a olharem no rosto ao falar com a criança.
• Promover dinâmicas em que todos aprendam sobre inclusão e empatia, sem focar apenas na deficiência.
• Nunca permitir atitudes de exclusão ou preconceito.
4. Adaptação pedagógica
• Repetir instruções quando necessário.
• Permitir tempo extra em avaliações.
• Usar vídeos com legendas.
• Planejar atividades em grupo respeitando a capacidade auditiva e física da criança.
5. Prevenção de quedas e fraturas
• A escola deve lembrar que a OI é uma condição óssea — além da audição, cuidados físicos são essenciais.
• Evitar correria no ambiente escolar, garantir acesso com rampas, uso de cadeiras de rodas, se necessário.
• Não levantar a criança pelos braços ou carregar sem orientação médica.
ORIENTAÇÕES PARA FAMÍLIAS
1. Acompanhar o uso do aparelho auditivo
• Verificar se o equipamento está funcionando corretamente.
• Estimular o uso diário e ensinar a criança a cuidar dele.
2. Estimular a comunicação em casa
• Conversar com clareza, de frente, com boa iluminação.
• Utilizar recursos como mímicas, desenhos e escrita para reforçar a comunicação.
• Ler junto com a criança e repetir palavras para ampliar o vocabulário.
3. Promover autonomia
• Ensinar a criança a avisar quando não entendeu algo.
• Encorajar que peça ajuda quando necessário, seja com amigos, professores ou familiares.
4. Acompanhamento com profissionais
• Fonoaudiólogo: para acompanhar o desenvolvimento da linguagem e audição.
• Otorrinolaringologista: para ajustes médicos e exames.
• Psicólogo ou terapeuta ocupacional: se necessário, para trabalhar autoestima e sociabilidade.
5. Informar a escola
• Compartilhar laudos, orientações dos médicos e do fonoaudiólogo.
• Manter diálogo contínuo com a equipe pedagógica, oferecendo sugestões e ouvindo o que observam no dia a dia.
0 Comments:
Speak up your mind
Tell us what you're thinking... !