A Osteogêneses Imperfeita (OI), também conhecida como Doença dos Ossos
de Vidro, ou de Cristal, doença de Lobstein, Fragilidade óssea ou ainda Doença de Vrolik, é uma
doença genética rara, do tecido conjuntivo, caracterizada por fragilidade óssea e
osteopenia.
O padrão de hereditariedade mais comum é o autossômico dominante, no
entanto estão identificados casos de hereditariedade recessiva e também mutações novas em crianças cujos pais não são afetados. O tecido conjuntivo é sempre afetado,
sendo que na maioria dos casos existe comprometimento da estrutura do colagénio tipo I.
Em 1979, David Sillence, baseando-se em evidências clínicas e radiográficas, foi o
primeiro a classificar a doença em 4 tipos, em que as mutações são dominantes e ligadas
a mutações nos genes COL1A1 e COL1A2.
No entanto, mais recentemente descobriram-se
mutações autossômicas recessivas e foram classificados mais tipos, com base em
características histológicas e moleculares. A apresentação clínica é extremamente
variável, incluindo: suscetibilidade aumentada para fraturas, massa óssea reduzida, baixa
estatura, deformidades esqueléticas progressivas, escleróticas azuladas, Dentinogênese
Imperfeita (DI), hipermobilidade articular e perda auditiva.
As complicações menos frequentes
são invaginação basilar, convulsões, dilatações das grandes artérias como o aneurisma
aórtico, prolapso da válvula mitral, obstipação e cálculos renais.
Estima-se que é a doença
óssea genética mais comum e a sua incidência é de 1 em cada 10 000 – 20 000
nascimentos
O colágeno é constituído por 3 cadeias polipeptídicas (cadeias α) enroladas sobre
si em hélice, unidas por pontes de hidrogénio, formando uma superhelice tripla. Os
principais aminoácidos constituintes são a glicina (33,5%), a prolina (12%) e a
hidroxiprolina (10%). Cada terceiro aminoácido vira-se para o interior, e o mais pequeno
dos aminoácidos, a glicina, é recrutado para o efeito. A sequência de aminoácidos segue
o padrão Glicina-X-Y, com resíduos abundantes de prolina em X e hidroxiprolina em Y.
O
colagénio tipo I (α1α2) trata-se do tipo de colagénio mais abundante, representando 90%
do colagénio tecidual total, responsável por 70 a 80% do peso seco dos tecidos fibrosos
densos que formam o sistema músculo-esquelético. Este heterodímero é constituído por
duas cópias da cadeia α1, codificada pelo gene COL1A1 no cromossoma 17, e uma
5
cadeia α2 codificada pelo gene COL1A2 no cromossoma 7.
A OI do tipo I é causada por
defeito na quantidade de colagénio, pois é produzida apenas metade da quantidade que
seria de esperar, sendo que a qualidade deste está intacta . O mesmo não acontece
nos tipos II, III e IV, em que existem defeitos estruturais em uma das cadeias de
colagénio. 80% destas mutações estruturais ocorrem devido a substituições dos
aminoácidos constituintes .
Classificação:
Tipo I
Trata-se da forma mais leve e mais comum da doença, representando cerca de
50% da população total de afetados. Pode ser transmitida por um portador de
mosaicismo, ou surgir em famílias não afetadas, por uma mutação espontânea. Testes
bioquímicos têm revelado a quantidade de colagénio está diminuída, mas a estrutura
apresenta-se normal. Geralmente não detetada á nascença. Os doentes tendem a
apresentar osteoporose desde jovens, a sua primeira fratura pode acontecer em idade
pré-escolar, causadas por traumas mínimos, normalmente durante a aprendizagem da
marcha. Apresentam fraturas frequentes durante a puberdade, com tendência a diminuir
posteriormente. Os ossos longos são tipicamente ligeiramente curvos . Podem
ocorrer luxações do ombro ou do cotovelo, e ainda compressão mínima das vertebras
centrais, responsável por dores crónicas.
A estatura da criança pode manter-se dentro dos valores médios, ou ligeiramente
abaixo dos restantes membros da família não afetados pela doença, mas o comprimento
dos membros inferiores tende a ser desproporcionalmente curto.
A presença de escleróticas azuis é uma característica importante na classificação de Sillence, no entanto ela nem sempre está presente. Há uma elevada incidência de perda de audição que geralmente surge com mais frequência no adulto-jovem. O tipo I é ainda dividido em A, cujos doentes apresentam DI, e B em que esta está ausente. As pessoas com OI tipo I tendem a sofrer alguma pressão psicológica por não sentirem apoio e proteção para a sua fragilidade na sociedade, pois a sua aparência é normal. A família, sobretudo os pais, devem apresentar relatórios médicos do diagnóstico de OI, para evitar acusações de maus-tratos nos Serviços de Urgência. Os principais cuidados e vigilância neste tipo de OI incluem sobretudo avaliações no atraso de desenvolvimento físico e motor, fragilidade e instabilidade das articulações e ligamentos, fraqueza muscular, prevenção de fraturas e proteção da coluna vertebral.
A presença de escleróticas azuis é uma característica importante na classificação de Sillence, no entanto ela nem sempre está presente. Há uma elevada incidência de perda de audição que geralmente surge com mais frequência no adulto-jovem. O tipo I é ainda dividido em A, cujos doentes apresentam DI, e B em que esta está ausente. As pessoas com OI tipo I tendem a sofrer alguma pressão psicológica por não sentirem apoio e proteção para a sua fragilidade na sociedade, pois a sua aparência é normal. A família, sobretudo os pais, devem apresentar relatórios médicos do diagnóstico de OI, para evitar acusações de maus-tratos nos Serviços de Urgência. Os principais cuidados e vigilância neste tipo de OI incluem sobretudo avaliações no atraso de desenvolvimento físico e motor, fragilidade e instabilidade das articulações e ligamentos, fraqueza muscular, prevenção de fraturas e proteção da coluna vertebral.
Tipo II
É uma forma letal perinatal e representa a forma mais severa da doença. Os
recém-nascidos têm baixo peso, membros muito curtos, peito pequeno e os ossos do
crânio macios. Frequentemente as pernas apresentam-se em abdução.
Radiologicamente verifica-se uma diminuição da mineralização da calote craniana,
corpos vertebrais achatados, fémures encurtados e largos, costelas curtas e deformadas,
bastante osteoporóticos com um córtex mínimo ou inexistente. O crânio é relativamente
grande em relação ao tronco, as fontanelas estão aumentadas, e a criança tende a
apresentar uma face triangular com nariz pequeno e escleróticas azul-acinzentadas. O
tórax tende a ser deformado, com um ápice estreito. Os pulmões e a árvore respiratória
estão subdesenvolvidos, pelo que os problemas respiratórios são comuns.
Radiograficamente podem-se detetar diversas fraturas in útero e em diversas fases do
processo de cura, que podem ser diagnosticadas nas ecografias de rotina da gravidez
Os cuidados principais que se levantam com tipo II de OI incluem a obtenção de um
diagnóstico preciso, aconselhamento genético e apoio psicológico à família, assistência
respiratória e cardíaca à criança.
Tipo III
Também conhecido como tipo deformante progressiva, é a forma mais severa da
doença compatível com a vida, no entanto é altamente limitante, levando grande parte
dos doentes á morte durante a infância ou nos primeiros anos da vida adulta, devido a
complicações respiratórias ou neurológicas. À nascença, as crianças apresentam os
membros ligeiramente curtos e curvos, o tórax pequeno, e a calote craniana macia. O
grau de fragilidade óssea e a quantidade de fraturas variam significativamente mas
geralmente podem-se contar centenas durante a vida destes doentes que podem
apresentar curvaturas de 70 a 90º, causadas pela tensão normal dos músculos sobre os
ossos ou pela consolidação de fraturas. Estas crianças têm uma estatura francamente
diminuída e os adultos não costumam atingir mais de 1,02 metros, sendo os membros
inferiores mais proporcionais relativamente ao tronco do que nos doentes do tipo II. Um
achado radiográfico frequente são as chamadas calcificações tipo pipoca, causadas pela
desorganização na região do disco epifisário. É encontrado em mais de metade
dos doentes entre os 4 e os 14 anos, tendo resolução na altura em que a epífise fecha. A
deformação da caixa torácica é frequente pela presença de escoliose, pectus excavatum
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ou pectus carinatum, e ainda compressão vertebral, sendo comuns os problemas
respiratórios.
É típica a forma triangular da face, em alguns casos devido ao
sobredesenvolvimento da cabeça, em outros devido à proeminência dos ossos da cara.
As escleróticas podem ser brancas, azul, roxas ou cinzentas. A DI pode ocorrer, mas não
é característica deste tipo.
Tipo IV
Considerado moderadamente severo, o tipo IV varia no que diz respeito à
gravidade das fraturas, podendo estas ser esporádicas, como no tipo I, ou gravíssimas,
como as do tipo III. Em média, as pessoas deste tipo sofrem dezenas de fraturas, que
ocorrem na sua maioria antes da puberdade e mais tarde durante a meia-idade,
sugerindo uma proteção das hormonas sexuais. Geralmente têm um atraso no
crescimento, podendo este ser de moderado a grave. Este é o principal facto que as
distingue do tipo I onde, como já foi dito, habitualmente o crescimento é normal. O peso
habitualmente está diminuído para a idade, as proporções do esqueleto são
aproximadamente normais, e o crânio é macrocefálico. Compressão vertebral, escoliose
e hiperlaxidez das articulações também é comum. O tipo IV é dividido em A, se a DI está
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presente, ou B se a DI está ausente. Como no tipo III, estão também descritas
calcificações tipo pipoca nestes doentes, mas não tão frequentes e o encurvamento dos
ossos longos também é comum, mas com menor intensidade. As escleróticas costumam
ter uma coloração azul clara durante a infância, e a intensidade da cor tende a tornar-se
cada vez mais clara, chegando a tornar-se branca na adolescência ou fase adulta. Os
indivíduos sofrem de uma osteoporose bastante significativa, mas com intervenção
médica podem ter uma marcha normal durante toda a sua vida.
Tipo V
Este tipo pode ser difícil de distinguir do tipo IV pois ambos os tipos apresentam
fraturas frequentes, deformidade moderada, hiperlaxidez articular e a perda de
mobilidade é infrequente. No entanto existem algumas diferenças clínicas, histológicas e
moleculares. A limitação severa na pronação e supinação dos antebraços, que resulta da
calcificação da membrana interóssea entre o rádio e o cúbito , restringe a rotação
e pode provocar luxação da cabeça do rádio.
É comum a presença de uma banda metafiseal radiopaca imediatamente
adjacente ao disco epifisário, durante a fase de crescimento e de grandes calos
12
hipertróficos nos ossos longos, nos locais de fraturas ou cirurgias prévias, ou
podem surgir espontaneamente .
Tipo VI
Trata-se de uma forma extremamente rara da doença, autossómica recessiva. A sua gravidade é moderada a severa e clinicamente semelhante à OI tipo IV. É
causada por mutações no gene SERPINF1 que codifica a chaperona HSP47 A
distinção é feita apenas através de critérios moleculares e histológicos. As lamelas
apresentam-se com padrão em escamas de peixe , e há uma diminuição no
volume de osso mineralizado secundária a um aumento do volume de osteoide. As
características destes indivíduos incluem uma baixa estatura, hiperlaxidez articular,
compressão vertebral, escleróticas brancas ou ligeiramente azuis e não apresentam DI.
Achados radiológicos comuns são as deformidades dos ossos longos, coxa vara e
protusão acetabular. As primeiras fraturas ocorrem durante a infância, e a sua
frequência é maior do que a descrita no tipo IV. As deformidades causadas por fraturas
dos ossos longos podem ser moderadas a severas, e geralmente são necessários
auxiliares de marcha para manter a mobilidade dos indivíduos.
Fraturas e deformidades
dos membros estão presentes ao nascimento. As fraturas são recorrentes mas tendem a
cessar após a puberdade. Radiograficamente é característica a presença de coxa vara e
rizomelia. Os recém-nascidos geralmente desenvolvem insuficiência respiratória no
período neonatal e morrem frequentemente devido a infeções pulmonares. A
circunferência cefálica é pequena ou normal, apresentam exoftalmia e a esclerótica é
branca ou ligeiramente azulada. Estas crianças geralmente têm a marcha preservada
sem necessidade de auxiliares.
Tipo VIII
É uma forma autossómica recessiva também severa ou letal. Neste tipo, o
componente enzimático P3H1 codificado pelo gene LEPRE1, encontra-se
deficiente. O fenótipo é altamente variável e assemelha-se aos tipos II e III, sendo difícil a
sua distinção no período perinatal. No entanto, com o desenvolvimento, algumas
características ajudam na distinção destas entidades. Os doentes apresentam
escleróticas brancas, a circunferência cefálica é normal a baixa, os ossos longos são
curtos,e também apresentam rizomelia. São características a estatura extremamente
baixa, osteoporose severa e calcificações em pipoca durante o desenvolvimento. Alguns
indivíduos sobreviveram até a segunda ou terceira década.
Tipo IX
Este tipo de OI foi recentemente descrito, e é causado por deficiência na ciclofilina
B (CyPB) codificada pelo gene PPIB. O fenótipo é variável, pode ser severo ou letal.
Estes indivíduos apresentam um fenótipo distinto dos tipos VII e VIII, pois não
apresentam rizomelia, mas apresentam a esclerótica branca . Têm também uma
baixa estatura moderada, e podem ou não apresentar compressões vertebrais.
Tipo X
Recentemente verificou-se que a ausência ou disfunção da chaperona HSP47,
codificada pelo gene SERPINF1, é responsável pelo tipo VI e X de OI (16,17). As
crianças apresentam uma forma severa da doença com DI, escleróticas azuis e cálculos
renais requerendo nefrectomia.
Tipo XI
Este tipo de OI surgiu quando se verificou que alguns doentes turcos e mexicanos
apresentavam mutações no gene FKBP65 que codifica a chaperona FKBP1.
Todos os probandos apresentavam fraturas nos ossos longos, hiperlaxidez articular,
platispondilia e escoliose, no entanto as escleróticas e os dentes encontravam-se
normais. Histologicamente, o padrão lamelar ósseo é em escamas de peixe como ocorre
no tipo VI. Os dois indivíduos turcos apresentavam ainda níveis elevados de fosfatase
alcalina .Até á data não foram reportadas mutações em comum nos tipos VI e XI de
OI, que possa explicar o padrão lamelar ósseo encontrado, o que pode indicar que exista
um mecanismo comum em mutações genéticas diferentes.
Outras mutações genéticas têm sido estudadas, por causarem síndromes que se
assemelham a OI. No entanto a informação disponível ainda é escassa e ainda não
são oficialmente consideradas formas de OI. É o caso da Síndrome de Bruck em que o
gene PLOD2 mutado codifica a enzima lisil-hidroxilase, necessária para a modificação
pós-transacional da lisina em hidroxilisina, é descrito como sendo uma forma de OI com
contraturas congénitas . A Síndrome Osteoporose Pseudoglioma é descrita como
uma forma severa de OI que causa cegueira. Resulta de mutações no gene LRP5 que
codifica um receptor transmembranar (Low-density lipoprotein receptor-related protein .
A síndrome de Cole Carpenter é discrito como OI com craniosinostose e proptose.
Características secundárias da OI
Escleróticas azuis
É uma característica definidora na classificação de Sillence, sendo que estas se
encontram azuis no tipo I e brancas no tipo IV, o que resultou no agrupamento de
crianças com características inconsistentes do esqueleto. No entanto é mais correto
pensar nesta característica como secundária e não como definidora do tipo de doença,
uma vez que ela nem sempre está presente. O tom azulado pode resultar da
diminuição da espessura da esclerótica. Contudo, pode ocorrer em escleróticas de
espessura normal, sendo que nestes casos, tecidos com diferente composição de
proteoglicanos, e consequentemente, diferentes estados de hidratação, pode resultar
num tom azulado devido a reflecção das ondas de radiação visível .
Dentinogenesis Imperfecta (DI)
O componente mais abundante na constituição dentária é a dentina, que é
formada em grande parte por colagénio tipo I. A DI associada a OI é classificada como
sendo do tipo I, e tem um comportamento genético recessivo, enquanto a DI tipo II e III,
são herdados de forma autossómica dominante e não estão associados a outras
patologias . Clinicamente é caracterizada por dentes translúcidos e escurecidos, podendo adquirir uma coloração que varia entre o cinzento, amarelo e castanho. Os
17
dentes encontram-se enfraquecidos com perda acentuada de esmalte, desgastando-se
ou quebrando com facilidade. Afeta tanto a dentição decídua como a permanente, sendo
menos grave na última. A erupção dentária pode estar acelerada ou atrasada nestes
doentes . Histologicamente, evidencia-se a disposição anómala da dentina, os
túbulos dentinários encontram-se dispostos de forma irregular, com amplas áreas de
intervalo contendo matriz não mineralizada, tendem a ser mais largos em diâmetro e
menos numerosos quando comparados à dentina de um dente não afetado, e podem
ainda encontrar-se ocluídos tal como as câmaras pulpares e canais radiculares .
Imagens radiográficas podem revelar alterações que por vezes não são visíveis na
inspeção dentária.
Estatura
A baixa estatura é a característica secundária da OI mais prevalente. Os
indivíduos do tipo I, tem um crescimento paralelo á curva normal, e a altura final será
apenas uns centímetros mais baixa do que os seus parentes do mesmo género.
Crianças com os tipos III ou IV da doença, geralmente deixam de acompanhar a curva
normal do crescimento ao 1 ano de idade, mantendo uma fase de plateau ou crescimento
lento até aos 4 ou 5 anos. A partir dos 5 anos, as crianças do tipo IV frequentemente
conseguem ter um crescimento paralelo á curva normal, no entanto já não é possível
compensar o atraso que ocorreu durante a fase de plateau, portanto a estatura final será
comparável á de um jovem adolescente. Os indivíduos do tipo III tem uma taxa de
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crescimento aumentado após a fase de plateau, no entanto não acompanha a curva
normal e a estatura final será comparável á de uma criança pré púbere.
Indivíduos com formas severas da doença podem apresentar baixa estatura devido a
compressão das vertebras, escoliose severa, deformidades dos membros inferiores e
disrupção dos discos epifisários, contudo o crescimento também pode estar
comprometido mesmo na ausência destas alterações . A causa desta baixa
estatura ainda não está totalmente esclarecida. Foi sugerido que se trate de um
mecanismo de proteção, uma vez que menor peso causará menor stress ósseo e
consequentemente menor probabilidade de haver fraturas.
A OI não afeta o desenvolvimento cognitivo, no entanto devido ao enfraquecimento da
musculatura, pode ser necessário recorrer a terapia da fala para a criança aprender a
controlar os músculos da cavidade oral. Os grupos musculares principais podem ter o seu
desenvolvimento comprometido pelas fraturas recorrentes. É comum haver dor articular
na região lombar e ancas devido a hipermolilidade articular, bem como alguma dificuldade
na sustentação da cabeça.
Complicações auditivas
Complicações auditivas
Cerca de 50% dos doentes tem uma perda significativa da função auditiva. Pode
ocorrer por defeito de condução, neurosensorial, ou misto. Geralmente é bilateral e
manifesta-se entre a primeira e quarta década de vida. Estudos moleculares revelaram
que a perda de audição ocorre independentemente do tipo da doença ou da mutação
genética presente. Na maioria dos casos, o défice auditivo é detetado apenas ao
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exame audiométrico realizado durante a infância ou adolescência. Estudos
demonstraram que cerca de 5% das crianças testadas, apresentaram uma perda de
audição de 20dB. Os mecanismos que levam á perda da função auditiva ainda não
estão bem esclarecidos, no entanto, pensa-se que a perda neurosensorial seja
consequência da atrofia das células ciliadas cocleares, da estria vascular e ainda da
formação anormal de osso na cóclea e estruturas adjacentes. A perda da função de
condução está frequentemente associada a fixação do estribo, ou a presença de fraturas
nos ramos do estribo e ainda hipervascularização da mucosa .
Complicações pulmonares e cardiovasculares
As manifestações extraesqueléticas nos sistemas respiratório e cardiovascular
são a maior causa de morbilidade e mortalidade diretamente relacionada com a OI .
As principias causas de morte são a insuficiência respiratória ou pneumonia.
Geralmente
os doentes apresentam cifoescoliose, colapso vertebral, alterações da caixa
torácica como pectus excavatum ou carinatum, e ainda fraturas das costelas, que
contribuem para doença pulmonar restritiva
No entanto, foi sugerido que nem sempre as complicações cardiopulmonares surgem
secundárias a alterações do esqueleto, mas que podem ser também derivadas de
alterações do tecido devido as mutações do colagénio, que causariam hipoplasia
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pulmonar, presente em alguns doentes, embora ainda não esteja esclarecido qual o seu
mecanismo. As características a nível do esqueleto, bem como a inatividade
associada a mobilidade restringida a cadeira de rodas, predispõem estes doentes a
múltiplas pneumonias. Este atingimento pulmonar pode evoluir para cor pulmonale numa
fase mais avançada da doença . Achados cardiovasculares incluem insuficiência
valvular, que se manifesta mais frequentemente por dilatação da raiz da aorta em
adultos, e é também responsável pela ocorrência de regurgitação aórtica. Estão também
descritos defeitos no septo atrial e espessamento da parede ventricular esquerda.
Complicações neurológicas
.
Várias alterações neurológicas são comuns na OI, incluindo macrocefalia,
hidrocefalia, siringomielia e invaginação basilar.
Entre os 2 e 3 anos de idade, a
circunferência cefálica pode rapidamente ultrapassar as linhas dos percentis para a
idade. A invaginação basilar é rara, e ocorre geralmente em doentes com OI severa, mas
as suas consequências são devastadoras. É causada pela instabilidade do ligamento
cranio-cervical ao nível de C1-C2, resultando em compressão da medula com
progressiva tetraparesia e perturbações respiratórias . Progride lentamente durante a
infância, e evidências radiológicas podem ser encontradas anos antes do aparecimento
de sintomas. Também pode ocorrer Platibasia, que consiste no achatamento da base do
crânio que produz estiramento dos nervos inferiores do crânio. As crianças devem ser
rastreadas a cada 2 ou 3 anos por tomografia computorizada (TC), e seguidas
anualmente por ressonância magnética (RM) caso exista evolução dos sinais
radiográficos de invaginação basilar. Os sinais clínicos típicos desta complicação são
cefaleias, disfagia, ataxia, vertigens, náuseas, nistagmo, alterações da sensação ao nível
da face, e se não foram tratados, podem rapidamente progredir para um declínio
neurológico
Complicações Ortopédicas
No doente com OI, há um estímulo aumentado á síntese óssea durante a fase de
crescimento. As moléculas produzidas são defeituosas e ficam retidas no RE em vez de
serem libertadas para o citoplasma. Isto leva a uma hiperestimulação que parece levar a
um esgotamento das células tronco, resultando em diminuição do número dos
osteoblastos na superfície óssea. Entretanto a matriz óssea anormal continua a estimular
os osteoclastos numa tentativa de reabsorver e eliminar o tecido defeituoso. Verifica-se
então uma anulação da produção aumentada do tecido ósseo, causando assim um
crescimento lento e insuficiente com variáveis graus de osteopenia em relação ao
esperado para sexo e idade. Após a puberdade, quando cessa o estímulo para o
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crescimento linear, a produção de colagénio tem como objetivo apenas a remodelação.
Nesta fase há uma visível melhoria da fragilidade óssea com aumento da massa óssea e
redução da taxa de fraturas . A idade da primeira fratura e a sua frequência varia
muito entre os doentes. Geralmente quanto mais cedo ocorre a primeira fratura mais
severa será a doença.
As fraturas são mais frequentes nos ossos longos, sendo o fémur
o mais afetado.
A maior parte das vezes ocorrem na convexidade do osso. Quase
sempre existem múltiplas fraturas no mesmo osso . É importante instruir as mães ou
cuidadores a manipularem e transportarem os doentes.
Diagnóstico
O diagnóstico de OI geralmente é feito através de critérios clínicos. Uma
anamnese completa e um exame físico atento permitem diagnosticar a maioria dos
casos. É importante avaliar os antecedentes familiares inquirindo acerca de fraturas,
perda de audição, DI, altura dos adultos, background racial e consanguinidade. O exame
físico inclui a medidas de comprimento e circunferência cefálica, bem como as
proporções dos vários segmentos. A presença de fraturas, escleróticas azuis e DI, bem
como outras características já descritas é suficiente para estabelecer um diagnóstico.
Nem sempre estes sinais são óbvios ou surgem associados, sendo necessário excluir
outras patologias que podem confundir-se com a OI.
O diagnóstico diferencial varia com
a severidade da doença e com a idade do doente.
Na ultrassonografia (US) pré-natal,
uma OI severa pode ser confundida com Displasia Tanatofórica, Acondrogéne tipo I,
Displasia Campomélica, pois em todas pode existir macrocefalia e membros curtos.
Posteriormente, outros diagnósticos diferenciais importantes incluem casos de abuso
doméstico, que geralmente se encontra associado a equimoses ou hematomas, défices
nutricionais, metástases ósseas, neoplasias, Leucemia, Osteoporose Idiopática Juvenil,
Doença de Menkes, Síndroma de Bruck, Síndroma de Cole-Carpenter, Síndrome de
Ehlers-Danlos, Acondroplasia .
Os exames laboratoriais de rotina, como o doseamento sérico de cálcio, fosforo,
fosfatase alcalina e hormona paratiroideia, geralmente encontram-se dentro dos valores
normais. Eles são uteis para excluir outras patologias ósseas de origem metabólica. Os
achados histológicos da biopsia óssea incluem quase sempre uma largura do córtex
reduzida e trabéculas ósseas mais estreitas e em menor número do que o normal.
Os exames auxiliares de diagnósticos disponíveis incluem o Raio-X. Com radiografia
simples dos ossos longos nas incidências anteroposterior (AP) e perfil para evidenciar
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fraturas, calos ósseos ou deformidades , encurtamento dos ossos longos,
osteopenia. A Radiografia panorâmica da coluna em AP e perfil para evidenciar a
escoliose e compressão vertebral. A radiografia simples do crânio em perfil para
demonstrar a presença de ossos wormianos e outras alterações características da
doença.
A Densitometria Óssea em doentes com fraturas permite identificar a densidade
mineral óssea como causa das fraturas, embora esta nem sempre esteja diminuída nos
doentes ligeiros. Pode também ser útil na avaliação do desenvolvimento esquelético de
crianças, alterações durante a menopausa, o efeito das lesões, o risco para fraturas, e
ainda a resposta aos tratamentos. Apesar de caro, é um exame fácil, seguro, não
invasivo, a exposição a radiação é baixa, e quase sempre está disponível. Deve ser
efetuada apenas anualmente, uma vez que as alterações da massa óssea ocorrem
lentamente mesmo em doentes .
A Tomografia Computorizada (TC) e Ressonância Magnética (RM) não são geralmente utilizadas como auxiliares de diagnóstico, mas sim para avaliar as complicações da doença como a invaginação basilar, e compressões medulares. Com evidências claras obtidas através da clínica e imagiologia, a confirmação do diagnóstico é feita através de testes laboratoriais. Testes bioquímicos e moleculares permitem estudar qualitativamente e quantitativamente o colagénio produzido. A biópsia de pele é necessária para efetuar testes bioquímicos que evidenciam defeitos moleculares do procolagénio tipo I, através de culturas de fibroblastos que são incubados com aminoácidos radioativos, produzem procolagénio que posteriormente é analisado por eletroforese em gel. Amostras de sangue ou saliva são necessárias para testes moleculares que permitem estudar o ADN para pesquisa de mutações tanto para as formas dominantes como para as formas recessivas. A análise molecular inclui sequenciamento do ADN, pesquisa de mutações, deleções ou duplicações nos genes COL1A1 e COL1A2 seguidos dos restantes genes implicados nas formas recessivas da doença. Estes estão disponíveis apenas em laboratórios especializados e são pedidos pelo geneticista .
O diagnóstico pré-natal (DPN) permite detetar a doença in útero, e é útil para casais em que um dos dois é afetado, ou que já tenham tido pelo menos um filho com a doença, ou ainda um familiar com a doença.
O aconselhamento genético é importante para definir qual o melhor método para o diagnóstico, bem como na tomada de decisões pelo casal relativamente a futuras gestações, sendo em alguns casos dificultado pela incerteza em relação à forma de hereditariedade . O estabelecimento de um DPN não obriga á interrupção da gravidez, mas permite tomar medidas de precaução durante a gestação e parto. Existem três métodos para DPN, no entanto nem todos estão sempre disponíveis. Cada gravidez deve ser avaliada individualmente para decidir qual dos métodos será mais útil a cada caso. A ultrassonografia (USG) pode ser efetuada entre a 14ª e 18ª semana de gestação, e diagnosticar casos de OI severa. É o procedimento menos invasivo, e portanto o que acarreta menos riscos. No entanto, em formas ligeiras da doença podem não ser visíveis alterações no feto, e ainda há a possibilidade de outras patologias com uma apresentação semelhante, dificultem o correto diagnóstico, portanto outros exames podem ser necessários para a sua confirmação. Recentemente foi efetuado um estudo na Tailândia em que se concluiu que a USG em 3D é mais precisa que a 2D, pois permite ter uma visão mais real e detalhada do feto, detetando alterações que passam despercebidas nas imagens a 2 dimensões. Esta pode vir a ser uma ferramenta preciosa no DPN .
Uma amostra das vilosidades coriónicas pode ser obtida entre a 10ª e 14ª semanas de gestação, com um risco de abortamento de 1%, permite testar as células das vilosidades coriónicas através de testes bioquímicos e moleculares . A amniocentese pode ser feita entre a 14ª e 18ª semanas, com um risco de abortamento de 1 em 200, permite testar as células fetais presentes no líquido amniótico, através de testes moleculares, mas não bioquímicos, pois verificou-se que os amniócitos produzem cadeias α1 em excesso, estas formam homodímeros que podem resultar em resultados falsos positivos . Os últimos dois são testes invasivos, e são úteis para pesquisa de defeitos no colagénio ou mutações genéticas no caso de casais 24 que já tenham a mutação identificada. O DPN através de estudos radiológicos maternos que costumava ser indicado na 20ª semana de gestação, está atualmente em declínio face ao aparecimento da ultrassonografia. Por outro lado é útil para confirmação radiológica dos achados da USG servindo como um suporte diagnóstico. A fetoscopia utilizada em outras épocas está atualmente em desuso face ao alto risco bem como a sua baixa eficiência.
A decisão se o parto será vaginal ou por cesariana é individual e dependente de cada caso no que diz respeito as condições da grávida e do feto. É sabido que existem riscos num parto em que a mãe ou o feto ou ambos são portadores de OI., ortanto os riscos devem ser avaliados por uma equipa multidisciplinar. Segundo a Osteogenesis Imperfecta Foundation (OIF) não é possível inferir qual dos dois é mais eficaz, pois não existem evidências de que a cesariana tenha melhores resultados do que o parto vaginal . O diagnóstico pré-implantação (DPI) com a intenção de interrupção da gravidez ou a seleção de embrião, também é possível através da técnica de PCR . Tratamento A OI é uma patologia para a qual ainda não existe cura.
A Tomografia Computorizada (TC) e Ressonância Magnética (RM) não são geralmente utilizadas como auxiliares de diagnóstico, mas sim para avaliar as complicações da doença como a invaginação basilar, e compressões medulares. Com evidências claras obtidas através da clínica e imagiologia, a confirmação do diagnóstico é feita através de testes laboratoriais. Testes bioquímicos e moleculares permitem estudar qualitativamente e quantitativamente o colagénio produzido. A biópsia de pele é necessária para efetuar testes bioquímicos que evidenciam defeitos moleculares do procolagénio tipo I, através de culturas de fibroblastos que são incubados com aminoácidos radioativos, produzem procolagénio que posteriormente é analisado por eletroforese em gel. Amostras de sangue ou saliva são necessárias para testes moleculares que permitem estudar o ADN para pesquisa de mutações tanto para as formas dominantes como para as formas recessivas. A análise molecular inclui sequenciamento do ADN, pesquisa de mutações, deleções ou duplicações nos genes COL1A1 e COL1A2 seguidos dos restantes genes implicados nas formas recessivas da doença. Estes estão disponíveis apenas em laboratórios especializados e são pedidos pelo geneticista .
O diagnóstico pré-natal (DPN) permite detetar a doença in útero, e é útil para casais em que um dos dois é afetado, ou que já tenham tido pelo menos um filho com a doença, ou ainda um familiar com a doença.
O aconselhamento genético é importante para definir qual o melhor método para o diagnóstico, bem como na tomada de decisões pelo casal relativamente a futuras gestações, sendo em alguns casos dificultado pela incerteza em relação à forma de hereditariedade . O estabelecimento de um DPN não obriga á interrupção da gravidez, mas permite tomar medidas de precaução durante a gestação e parto. Existem três métodos para DPN, no entanto nem todos estão sempre disponíveis. Cada gravidez deve ser avaliada individualmente para decidir qual dos métodos será mais útil a cada caso. A ultrassonografia (USG) pode ser efetuada entre a 14ª e 18ª semana de gestação, e diagnosticar casos de OI severa. É o procedimento menos invasivo, e portanto o que acarreta menos riscos. No entanto, em formas ligeiras da doença podem não ser visíveis alterações no feto, e ainda há a possibilidade de outras patologias com uma apresentação semelhante, dificultem o correto diagnóstico, portanto outros exames podem ser necessários para a sua confirmação. Recentemente foi efetuado um estudo na Tailândia em que se concluiu que a USG em 3D é mais precisa que a 2D, pois permite ter uma visão mais real e detalhada do feto, detetando alterações que passam despercebidas nas imagens a 2 dimensões. Esta pode vir a ser uma ferramenta preciosa no DPN .
Uma amostra das vilosidades coriónicas pode ser obtida entre a 10ª e 14ª semanas de gestação, com um risco de abortamento de 1%, permite testar as células das vilosidades coriónicas através de testes bioquímicos e moleculares . A amniocentese pode ser feita entre a 14ª e 18ª semanas, com um risco de abortamento de 1 em 200, permite testar as células fetais presentes no líquido amniótico, através de testes moleculares, mas não bioquímicos, pois verificou-se que os amniócitos produzem cadeias α1 em excesso, estas formam homodímeros que podem resultar em resultados falsos positivos . Os últimos dois são testes invasivos, e são úteis para pesquisa de defeitos no colagénio ou mutações genéticas no caso de casais 24 que já tenham a mutação identificada. O DPN através de estudos radiológicos maternos que costumava ser indicado na 20ª semana de gestação, está atualmente em declínio face ao aparecimento da ultrassonografia. Por outro lado é útil para confirmação radiológica dos achados da USG servindo como um suporte diagnóstico. A fetoscopia utilizada em outras épocas está atualmente em desuso face ao alto risco bem como a sua baixa eficiência.
A decisão se o parto será vaginal ou por cesariana é individual e dependente de cada caso no que diz respeito as condições da grávida e do feto. É sabido que existem riscos num parto em que a mãe ou o feto ou ambos são portadores de OI., ortanto os riscos devem ser avaliados por uma equipa multidisciplinar. Segundo a Osteogenesis Imperfecta Foundation (OIF) não é possível inferir qual dos dois é mais eficaz, pois não existem evidências de que a cesariana tenha melhores resultados do que o parto vaginal . O diagnóstico pré-implantação (DPI) com a intenção de interrupção da gravidez ou a seleção de embrião, também é possível através da técnica de PCR . Tratamento A OI é uma patologia para a qual ainda não existe cura.
Os tratamentos atuais
visam a prevenir e tratar fraturas, prevenir e corrigir deformidades e contraturas
resultantes da posição, aumentar a força muscular e movimentos articulares, reduzir a
fragilidade óssea aumentando a densidade óssea, corrigir o alinhamento incorreto dos
membros inferiores e desenvolver estratégias compensatórias, melhorar a capacidade
psicomotora e do desenvolvimento das crianças, minimizar a dor e maximizar a
mobilidade e independência dos doentes, com consequente melhoria da qualidade de
vida.
Estão disponíveis três tipos de tratamento que incluem tratamento médico, cirúrgico e farmacológico. A doença afeta não só o indivíduo, mas também a sua família. O grau de mudança de vida provocado pelo aparecimento da doença depende da sua severidade e da presença de outros membros da família também afetados. É importante compreender os aspetos psicológicos e sociais da OI bem como a forma como estes podem influenciar o doente e a família. O terapeuta ocupacional, através dos seus conhecimentos e recursos, atuará na adaptação ao ambiente, na orientação familiar quanto à manipulação da criança e seu condicionamento físico, e promoverá a máxima independência das atividades de vida diária, como vestir, alimentar, tomar banho, estudar e brincar. O terapeuta aplicará diversas atividades construtivas simulando situações de vida normal ou trabalho normal, prestando assistência nas incapacidades físicas, psíquicas e sociais 25 e minimizando-as ao longo do tratamento. Com a intervenção da equipa multidisciplinar, procura-se diminuir a baixa autoestima e depressão das doentes, promovendo uma melhoria na qualidade de vida e encorajando nas crianças o desenvolvimento intelectual e acadêmico.
O tratamento médico é feito através de terapias de reabilitação, fisioterapia, atividade física e utilização de suportes ortopédicos. É importante minimizar o tempo de imobilização dos doentes durante o período de recuperação de fraturas, pois esta acarreta uma perda de massa muscular, de densidade óssea e deterioração da função cardiovascular, levando a um ciclo vicioso de fratura, imobilização, osteoporose, refratura, que tem de ser evitado. Por este motivo é também aconselhada terapia de reabilitação e fisioterapia durante o período de cura de fraturas, antes e após a alta hospitalar . Deve ser feita com ajuda de pessoal especializado. Uma opção com bons resultados é a natação e exercício feitos dentro de água, pois esta permite a movimentação com menor dor, aumentando a força muscular e melhorando a função respiratória . Um estudo concluiu que a utilização da plataforma vibratória em crianças e adolescentes imobilizados ajuda a aumentar a densidade óssea, aumentar a força muscular e flexibilidade . Doentes com alterações da caixa torácica podem necessitar de ventilação auxiliar. É importante que a função pulmonar seja avaliada com alguma frequência desde a infância, pois uma manutenção precoce da doença pulmonar, feita com broncodilatadores, pode atrasar ou até mesmo impedir a necessidade crónica de oxigénio.
O tratamento cirúrgico é da máxima importância na melhoria do prognóstico. No tratamento das fraturas, estão disponíveis várias modalidades cirúrgicas e material disponível que tem de se adequar a cada situação tendo em conta os riscos cirúrgicos comuns a todas as cirurgias e riscos específicos inerentes á condição do doente, nomeadamente a fragilidade cervical durante a intubação. É importante ter em conta que o osso cortical se encontra diminuído na OI, e que durante a recuperação é aconselhado minimizar o tempo de imobilização. As fraturas são abordadas conforme a condição do doente e a decisão do tratamento tem de ser feito para cada doente individualmente. O tratamento de fraturas pode ser conservador ou cirúrgico. O tratamento conservador inclui a redução fechada e imobilização com utilização de gesso ou tração cutânea/esquelética. No entanto é desaconselhado devido ao longo período de tempo necessário para a recuperação, sendo mais utilizada em fraturas dos membros superiores. O tratamento cirúrgico inclui redução fechada ou aberta, osteotaxia, osteossíntese com fixação interna ou externa utilizando cavilhas, placas e parafusos . O método mais referido na literatura é a colocação de haste intramedulares O procedimento de osteotomia seguida de colocação de haste . Existem vários tipos de haste, adequadas ao tamanho do osso e a possibilidade do seu crescimento. As cavilhas podem ser não telescópicas ou telescópicas. As últimas alongam-se progressivamente de acordo com o crescimento dos ossos e não necessitam, portanto de substituições periódicas. Está demonstrada a redução na frequência de fraturas, e eficácia na prevenção e correção de deformidades.
Estão disponíveis três tipos de tratamento que incluem tratamento médico, cirúrgico e farmacológico. A doença afeta não só o indivíduo, mas também a sua família. O grau de mudança de vida provocado pelo aparecimento da doença depende da sua severidade e da presença de outros membros da família também afetados. É importante compreender os aspetos psicológicos e sociais da OI bem como a forma como estes podem influenciar o doente e a família. O terapeuta ocupacional, através dos seus conhecimentos e recursos, atuará na adaptação ao ambiente, na orientação familiar quanto à manipulação da criança e seu condicionamento físico, e promoverá a máxima independência das atividades de vida diária, como vestir, alimentar, tomar banho, estudar e brincar. O terapeuta aplicará diversas atividades construtivas simulando situações de vida normal ou trabalho normal, prestando assistência nas incapacidades físicas, psíquicas e sociais 25 e minimizando-as ao longo do tratamento. Com a intervenção da equipa multidisciplinar, procura-se diminuir a baixa autoestima e depressão das doentes, promovendo uma melhoria na qualidade de vida e encorajando nas crianças o desenvolvimento intelectual e acadêmico.
O tratamento médico é feito através de terapias de reabilitação, fisioterapia, atividade física e utilização de suportes ortopédicos. É importante minimizar o tempo de imobilização dos doentes durante o período de recuperação de fraturas, pois esta acarreta uma perda de massa muscular, de densidade óssea e deterioração da função cardiovascular, levando a um ciclo vicioso de fratura, imobilização, osteoporose, refratura, que tem de ser evitado. Por este motivo é também aconselhada terapia de reabilitação e fisioterapia durante o período de cura de fraturas, antes e após a alta hospitalar . Deve ser feita com ajuda de pessoal especializado. Uma opção com bons resultados é a natação e exercício feitos dentro de água, pois esta permite a movimentação com menor dor, aumentando a força muscular e melhorando a função respiratória . Um estudo concluiu que a utilização da plataforma vibratória em crianças e adolescentes imobilizados ajuda a aumentar a densidade óssea, aumentar a força muscular e flexibilidade . Doentes com alterações da caixa torácica podem necessitar de ventilação auxiliar. É importante que a função pulmonar seja avaliada com alguma frequência desde a infância, pois uma manutenção precoce da doença pulmonar, feita com broncodilatadores, pode atrasar ou até mesmo impedir a necessidade crónica de oxigénio.
O tratamento cirúrgico é da máxima importância na melhoria do prognóstico. No tratamento das fraturas, estão disponíveis várias modalidades cirúrgicas e material disponível que tem de se adequar a cada situação tendo em conta os riscos cirúrgicos comuns a todas as cirurgias e riscos específicos inerentes á condição do doente, nomeadamente a fragilidade cervical durante a intubação. É importante ter em conta que o osso cortical se encontra diminuído na OI, e que durante a recuperação é aconselhado minimizar o tempo de imobilização. As fraturas são abordadas conforme a condição do doente e a decisão do tratamento tem de ser feito para cada doente individualmente. O tratamento de fraturas pode ser conservador ou cirúrgico. O tratamento conservador inclui a redução fechada e imobilização com utilização de gesso ou tração cutânea/esquelética. No entanto é desaconselhado devido ao longo período de tempo necessário para a recuperação, sendo mais utilizada em fraturas dos membros superiores. O tratamento cirúrgico inclui redução fechada ou aberta, osteotaxia, osteossíntese com fixação interna ou externa utilizando cavilhas, placas e parafusos . O método mais referido na literatura é a colocação de haste intramedulares O procedimento de osteotomia seguida de colocação de haste . Existem vários tipos de haste, adequadas ao tamanho do osso e a possibilidade do seu crescimento. As cavilhas podem ser não telescópicas ou telescópicas. As últimas alongam-se progressivamente de acordo com o crescimento dos ossos e não necessitam, portanto de substituições periódicas. Está demonstrada a redução na frequência de fraturas, e eficácia na prevenção e correção de deformidades.
A complicação major é a migração
da haste. No caso de novas fraturas, as cavilhas impedem o desalinhamento e
diminuem o tempo de cura e a necessidade de talas ou gesso. Recentemente, o
aperfeiçoamento das técnicas permitiram melhorias nos resultados, como se verificou na
Operação de Sofield-Millar que foi modificada ao longo dos anos. Em crianças
muito jovens ou cujo estado geral não permita um procedimento cirúrgico complexo,
estão disponíveis procedimentos menos invasivos como a colocação de haste não
telescópica percutânea .
Uma intervenção precoce com a utilização de colar cervical para suporte da região
ocipitocervical pode atrasar o aparecimento de invaginação basilar . Esta pode ser
reduzível, em 40% dos casos, ou não reduzível, em 60% dos casos. O tratamento
consiste em descompressão da fossa posterior ou fusão ocipitocervical no caso de
invaginação basilar reduzível, enquanto a não reduzível é tratada por descompressão
transoral, transpalatofaringea ou endoscópica transnasal . Apesar de a
descompressão apresentar bons resultados, a invaginação basilar irá progredir em 6
anos após a cirurgia, em 80% dos casos.
A escoliose também pode ter a sua progressão minimizada ou até ser diminuída se for estabilizada precocemente através de suportes ortopédicos, permitindo melhorias da função respiratória e diminuição da dor. Se a progressão ainda assim persistir, deve ser considerada a abordagem cirúrgica, e no caso de doentes com ligeira diminuição da massa óssea, o tratamento é idêntico ao efetuado na escoliose idiopática. A artrodese tem apresentado bons resultados em casos de curvaturas ligeiras, e posterior estabilização da coluna vertebral recorrendo a suportes ortopédicos, como cinta ou colete . Nos casos em que a escoliose é severa, tem-se verificado que um período de tração esquelética anterior á cirurgia melhora os resultados desta.
Algumas crianças podem necessitar de aparelhos auditivos.
É recomendado que seja efetuado o rastreio auditivo periodicamente, em crianças com OI. A intervenção cirúrgica pode ser necessária se os aparelhos não cobrirem o défice auditivo. A estapedectomia tem apresentado bons resultados, no entanto não é aconselhado efetuar esta cirurgia por rotina, uma vez que a fragilidade dos ossos do ouvido é responsável por uma grande percentagem de casos em que os resultados não são satisfatórios a longo termo. Esta cirurgia corrige o defeito de condução, mas na OI a maior parte dos casos são uma combinação de defeito de condução e neurosensorial, sendo que a ultima se instala progressivamente, há casos em que as melhorias da estapedectomia são apenas temporárias. Nestes casos, o aparelho auditivo será suficiente para corrigir o défice auditivo neurosensorial . Estão descritos alguns casos de inserção de implantes cocleares, com bons resultados a curto termo, no entanto os dados são limitados no que diz respeito a melhorias na audição a longo termo. É uma cirurgia desafiante devido á hipervascularização da mucosa do ouvido médio, mas permite a recuperação da audição em doentes com surdez neurosensorial profunda . Os riscos deste procedimento incluem o mal posicionamento dos eletrodos, com posterior complicação associada a estimulação do nervo facial.
O tratamento farmacológico deve sempre fazer parte de um plano terapêutico em conjunto com as modalidades atrás mencionadas. Até agora inúmeros tratamentos foram sugeridos, mas nenhum mostrou resultados comprovados no controle da doença. Substâncias como Fluoreto de Sódio, Óxido de Magnésio, Calcitonina e Vitamina D foram utilizados mas os estudos efetuados não são concordantes nos resultados, sendo a eficácia questionável. Foram propostos tratamentos com Hormona do Crescimento (GH), que aumenta a produção de colagénio tipo I a partir da observação de que na puberdade ocorre uma diminuição na incidência de fraturas, ocorrendo um aumento das mesmas após a menopausa. Os valores do Fator de Crescimento tipo Insulina (IGF)-I e do seu ligando (IGFBP)-3, geralmente encontram-se dentro dos valores normais e são raros os doentes com deficiência da GH (70). Ainda assim, estudos foram efetuados para verificar a resposta dos doentes ao tratamento com GH recombinante (rGH), e apenas alguns doentes obtiveram resposta positiva, com aumento da formação de tecido ósseo sendo na maioria doentes do tipo IV. Os doentes do tipo III não responderam ao tratamento, sugerindo que o aumento da reabsorção óssea excedeu a capacidade dos osteoblastos sintetizarem matriz óssea.
Os BP como o Pamidronato, tem sido utilizados com muito bons resultados a curto prazo, no que diz respeito ao aumento da densidade óssea, e são na realidade o único fármaco aprovado para o tratamento da OI . Aumento da mineralização vertebral, durante 3 anos de tratamento com bifosfonatos, em menino com OI tipo IV.
A – Antes do tratamento. B e C – Após 1,5 e 3 anos de tratamento Imagem retirada de: Åström E, Jorulf H, Söderhäll S (2007) Intravenous pamidronate treatment of infants with severe osteogenesis imperfecta. Arch Dis Child. 92:332–338. 29 No entanto os seus benefícios a longo prazo ainda não estão comprovados, sendo que alguns autores defendem que em última análise, este tratamento não diminui o número de fraturas dos ossos longo . A forma de administração preferencial é a intravenosa cíclica, uma vez que a absorção gastrointestinal não é uniforme Os doentes que mais beneficiam desta terapia são as crianças abaixo de 2 anos de idade, visto que é neste período da vida que ocorre crescimento e desenvolvimento mais rápidos . A dosagem adequada ainda não está estabelecida. Alguns efeitos não desejados estão associados ao seu uso prolongado, como a diminuição do osso cortical, aumento do período de cura pós osteotomia, e ainda osteonecrose mandibular. Alguns autores sugeriram que a administração de agentes que promovem a produção, como a GH, em combinação com agentes de diminuem a reabsorção óssea, como os bifosfonatos (BP), pode ser uma grande aposta no tratamento da OI . Suplementos nutricionais á base de cálcio e vitamina D, não reúnem consenso como sendo uma boa estratégia na prevenção de fraturas e melhoria do estado geral do doente. Novas terapêuticas para o futuro incluem o Transplante da Medula Óssea (TMO), em que são transplantadas células tronco com a capacidade de diferenciação em osteoblastos, bem como o transplante de células estromais que produzem fatores de crescimento ósseo. Já foi testada em humanos e murinos com bons resultados, necessitando ainda de muita investigação. Desenvolver uma terapia genética para a OI é complicado dada a heterogeneidade da doença, no entanto estão em curso diversos estudos neste sentido. Ela baseia-se na supressão do alelo mutante utilizando ribozimas e oligonucleótidos nonsense .
Prognóstico
O prognóstico varia muito entre doentes, depende do tipo de OI, da severidade da doença e dos tratamentos disponíveis. O tipo I é o mais comum, e a esperança média de vida destes doentes é a normal, e a sua qualidade de vida pode ser elevada se tiverem um bom acompanhamento e tratamento adequados. O tipo II é a forma mais severa e letal. Se sobreviverem ao parto, os recém-nascidos geralmente morrem nos primeiros 2 meses de vida. Existem casos que chegaram a completar um ano de vida, acabando por morrer por insuficiência respiratória ou pneumonias múltiplas. O tipo III é também uma forma severa que apesar de geralmente ter uma esperança de vida algo diminuída, os doentes tem uma qualidade de vida bastante reduzida devido as fraturas recorrentes desde muito cedo e pouca independência, necessitando muitas vezes de cadeiras de 30 rodas. O tipo IV pode ser moderado a severo, é muito semelhante ao tipo I, embora muitos doentes necessitem de auxiliares de marcha, a sua esperança de vida é normal. A abordagem terapêutica tem de ser feita por uma equipa multidisciplinar, e varia muito de doente para doente uma vez que a OI apresenta uma grande variabilidade de fenótipos. Esta equipa multidisciplinar pode incluir fisioterapeutas, enfermeiros, médicos de família, pediatras, ortopedistas, endocrinologistas, dentistas, cirurgiões, psiquiatras, psicólogos, terapeutas da fala e professores.
A escoliose também pode ter a sua progressão minimizada ou até ser diminuída se for estabilizada precocemente através de suportes ortopédicos, permitindo melhorias da função respiratória e diminuição da dor. Se a progressão ainda assim persistir, deve ser considerada a abordagem cirúrgica, e no caso de doentes com ligeira diminuição da massa óssea, o tratamento é idêntico ao efetuado na escoliose idiopática. A artrodese tem apresentado bons resultados em casos de curvaturas ligeiras, e posterior estabilização da coluna vertebral recorrendo a suportes ortopédicos, como cinta ou colete . Nos casos em que a escoliose é severa, tem-se verificado que um período de tração esquelética anterior á cirurgia melhora os resultados desta.
Algumas crianças podem necessitar de aparelhos auditivos.
É recomendado que seja efetuado o rastreio auditivo periodicamente, em crianças com OI. A intervenção cirúrgica pode ser necessária se os aparelhos não cobrirem o défice auditivo. A estapedectomia tem apresentado bons resultados, no entanto não é aconselhado efetuar esta cirurgia por rotina, uma vez que a fragilidade dos ossos do ouvido é responsável por uma grande percentagem de casos em que os resultados não são satisfatórios a longo termo. Esta cirurgia corrige o defeito de condução, mas na OI a maior parte dos casos são uma combinação de defeito de condução e neurosensorial, sendo que a ultima se instala progressivamente, há casos em que as melhorias da estapedectomia são apenas temporárias. Nestes casos, o aparelho auditivo será suficiente para corrigir o défice auditivo neurosensorial . Estão descritos alguns casos de inserção de implantes cocleares, com bons resultados a curto termo, no entanto os dados são limitados no que diz respeito a melhorias na audição a longo termo. É uma cirurgia desafiante devido á hipervascularização da mucosa do ouvido médio, mas permite a recuperação da audição em doentes com surdez neurosensorial profunda . Os riscos deste procedimento incluem o mal posicionamento dos eletrodos, com posterior complicação associada a estimulação do nervo facial.
O tratamento farmacológico deve sempre fazer parte de um plano terapêutico em conjunto com as modalidades atrás mencionadas. Até agora inúmeros tratamentos foram sugeridos, mas nenhum mostrou resultados comprovados no controle da doença. Substâncias como Fluoreto de Sódio, Óxido de Magnésio, Calcitonina e Vitamina D foram utilizados mas os estudos efetuados não são concordantes nos resultados, sendo a eficácia questionável. Foram propostos tratamentos com Hormona do Crescimento (GH), que aumenta a produção de colagénio tipo I a partir da observação de que na puberdade ocorre uma diminuição na incidência de fraturas, ocorrendo um aumento das mesmas após a menopausa. Os valores do Fator de Crescimento tipo Insulina (IGF)-I e do seu ligando (IGFBP)-3, geralmente encontram-se dentro dos valores normais e são raros os doentes com deficiência da GH (70). Ainda assim, estudos foram efetuados para verificar a resposta dos doentes ao tratamento com GH recombinante (rGH), e apenas alguns doentes obtiveram resposta positiva, com aumento da formação de tecido ósseo sendo na maioria doentes do tipo IV. Os doentes do tipo III não responderam ao tratamento, sugerindo que o aumento da reabsorção óssea excedeu a capacidade dos osteoblastos sintetizarem matriz óssea.
Os BP como o Pamidronato, tem sido utilizados com muito bons resultados a curto prazo, no que diz respeito ao aumento da densidade óssea, e são na realidade o único fármaco aprovado para o tratamento da OI . Aumento da mineralização vertebral, durante 3 anos de tratamento com bifosfonatos, em menino com OI tipo IV.
A – Antes do tratamento. B e C – Após 1,5 e 3 anos de tratamento Imagem retirada de: Åström E, Jorulf H, Söderhäll S (2007) Intravenous pamidronate treatment of infants with severe osteogenesis imperfecta. Arch Dis Child. 92:332–338. 29 No entanto os seus benefícios a longo prazo ainda não estão comprovados, sendo que alguns autores defendem que em última análise, este tratamento não diminui o número de fraturas dos ossos longo . A forma de administração preferencial é a intravenosa cíclica, uma vez que a absorção gastrointestinal não é uniforme Os doentes que mais beneficiam desta terapia são as crianças abaixo de 2 anos de idade, visto que é neste período da vida que ocorre crescimento e desenvolvimento mais rápidos . A dosagem adequada ainda não está estabelecida. Alguns efeitos não desejados estão associados ao seu uso prolongado, como a diminuição do osso cortical, aumento do período de cura pós osteotomia, e ainda osteonecrose mandibular. Alguns autores sugeriram que a administração de agentes que promovem a produção, como a GH, em combinação com agentes de diminuem a reabsorção óssea, como os bifosfonatos (BP), pode ser uma grande aposta no tratamento da OI . Suplementos nutricionais á base de cálcio e vitamina D, não reúnem consenso como sendo uma boa estratégia na prevenção de fraturas e melhoria do estado geral do doente. Novas terapêuticas para o futuro incluem o Transplante da Medula Óssea (TMO), em que são transplantadas células tronco com a capacidade de diferenciação em osteoblastos, bem como o transplante de células estromais que produzem fatores de crescimento ósseo. Já foi testada em humanos e murinos com bons resultados, necessitando ainda de muita investigação. Desenvolver uma terapia genética para a OI é complicado dada a heterogeneidade da doença, no entanto estão em curso diversos estudos neste sentido. Ela baseia-se na supressão do alelo mutante utilizando ribozimas e oligonucleótidos nonsense .
Prognóstico
O prognóstico varia muito entre doentes, depende do tipo de OI, da severidade da doença e dos tratamentos disponíveis. O tipo I é o mais comum, e a esperança média de vida destes doentes é a normal, e a sua qualidade de vida pode ser elevada se tiverem um bom acompanhamento e tratamento adequados. O tipo II é a forma mais severa e letal. Se sobreviverem ao parto, os recém-nascidos geralmente morrem nos primeiros 2 meses de vida. Existem casos que chegaram a completar um ano de vida, acabando por morrer por insuficiência respiratória ou pneumonias múltiplas. O tipo III é também uma forma severa que apesar de geralmente ter uma esperança de vida algo diminuída, os doentes tem uma qualidade de vida bastante reduzida devido as fraturas recorrentes desde muito cedo e pouca independência, necessitando muitas vezes de cadeiras de 30 rodas. O tipo IV pode ser moderado a severo, é muito semelhante ao tipo I, embora muitos doentes necessitem de auxiliares de marcha, a sua esperança de vida é normal. A abordagem terapêutica tem de ser feita por uma equipa multidisciplinar, e varia muito de doente para doente uma vez que a OI apresenta uma grande variabilidade de fenótipos. Esta equipa multidisciplinar pode incluir fisioterapeutas, enfermeiros, médicos de família, pediatras, ortopedistas, endocrinologistas, dentistas, cirurgiões, psiquiatras, psicólogos, terapeutas da fala e professores.
Fonte:https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/71985/2/31050.pdf
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